sábado, 16 de maio de 2009

Estalo.

O que me traz tanta dor não é um problema, mas a junção deles todos. Meus amigos, Saulo e Veila, não morreram. Eu tenho CERTEZA que eles não morreram. Eles estão vivendo num lugar melhor. E eu encaro isso como se fossem amigos que estivessem morando num lugar muito longe, incomunicáveis. Mas eles tão super-vivos, sabe? O que eu penso é que eu vou encontrar a Veila no próximo show do Pavulagem, e se eu não encontrar no próximo, é porque ela vai estar de serviço. E o Saulo, ah, eu vou encontrar o Saulo na próxima rocada que tiver. E se eu não encontrar, é porque ele tá de ressaca, ou exagerou da última vez que saiu, e a mãe dele não deixou ele sair dessa vez.

Eu estava tentando me reestruturar, ficar de bem comigo, mas aí ontem eu desabei.
Ontem estávamos rindo, eu fiz altas piadas, dei muitas risadas, mesmo depois do velório e do enterro, eu tava me sentindo relativamente bem. Pois a ficha não havia caído. Minha cabeça tava pra explodir, mas eu tava bem. Minha cara tava inchada, mas eu tava bem.

Eu tomei um banho gelado e fui pro meu quarto. Só foi entrar lá e eu me desmanchei novamente em lágrimas. Meu Deus, que injustiça. Poxa, não podia ter deixado eu conversar mais uma vezinha com ele? Meu, Deus, o meu amigo era tão novo, tão alegre, tinha acabado de se formar. Por que ele morreu, meu Pai?

Na hora do cemitério eu fiquei passeando por lá. Como abriram o caixão, eu vazei, pois não queria ficar vendo meu amigo com aquela roupa, com aquela cor, com aqueles curativos nas mãos, com aquelas flores com cheiro de morte. Eu senti uma paz tão grande, ri me lembrando das nossas besteiras, mas depois bateu um desespero tão grande. A vida passa rápido, a vida pode se acabar por nada. Qualquer um pode morrer, e eu não suportaria algumas outras perdas. Quando eu voltei pra perto das meninas, a gente voltou a conversar e a Kelly, que tem sete velórios no curriculum vitae dela, disse bem assim: "E o pior é que amanhã tudo volta ao normal"

Mas não voltou.
Espero que essa dor toda sirva pra alguma coisa.

Tu, meu amigo, que gostava demais de viver, me ajuda a levar minha vida adiante? Me ajuda a ter forças também?

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