quinta-feira, 14 de maio de 2009

Desnuda.



Eu tive um ex-namorado que dizia que eu parecia com esta figura aí, "La maja desnuda", do Goya.

Um dia, depois de um dos muitos momentos de amor que vivemos (e fizemos), eu estava deitada olhando pra ele mexer no notebook. Eu estava apaixonada, saciada, admirada - "Nossa, quanto amor pode caber na gente!". Ele virou e me viu deitada, o fitando, toda misteriosa. E falou algo como: "Meu Deus, estás igualzinha aquela pintura do Goya!". E eu, super-ignorante, não sabia qual era a figura a que ele se referia. Com toda sinceridade que eu posso ter no mundo, confesso que a única painture do Goya que eu conhecia era a de Saturno comendo o filho dele, que me acompanhou (e chocou) desde que eu era novinha (e com a qual eu não ficaria nada feliz de parecer). Depois de alguns cliques, ele achou a imagem no google e me mostrou. Eu dei um sorriso sincero e sereno. Meu coração tinha se enchido mais ainda de alegria. Tinha transbordado, é verdade. Não me lembro, mas tenho quase certeza que fizemos amor de novo, logo depois disso.

Essa imagem ficou sendo o papel de parede do notebook dele. E toda vez que ele ligava o computador, eu ficava toda-toda. Mas como quase tudo que é bom acaba, o que era doce se acabou. Ontem me deparei com essa imagem, e a história voltou toda à cabeça.

O sentimento, obviamente, já não é mais o mesmo, mas o amor e o tesão que eu senti ao relembrar dessa sucessão de acontecimentos me fez ficar feliz e ter vontade de compartilhar esse episódio.

Yo soy la maja desnuda.

(Completamente desnuda, de corpo e de alma.)

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